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Manoel de Barros
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá no dia 19 de dezembro de 1916. Cresceu na fazenda do seu pai, más não lhe agradava a ideia de se tornar fazendeiro ou trabalhar num cartório local. Ainda novo, foi morar em Corumbá (MS) e mais tarde iria para o Rio de Janeiro, para fazer a faculdade de Direito. Viajou pela Bolívia e Peru, morou em Nova York, captou em cada um dos lugares por onde passava um pouco da essência da liberdade, que aplicaria em suas poesias.
Formou-se em Direito, em 1941, na cidade do Rio de Janeiro. Na década de 1960 foi para Campo Grande (MS) e lá passou a viver como fazendeiro.
Manoel consagrou-se como poeta nas décadas de 1980 e 1990. Trabalhou bastante com a temática da natureza, mais especificamente, o Pantanal. Autor de linhas e rimas cheias de profundidade sobre simplicidades do dia a dia, as sutilezas das coisas "desimportantes". Do "apogeu do chão e do pequeno". Misturou estilos e abordou o tema regional com originalidade.
A DISFUNÇÃO
Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso de a menos
Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso trocado do que a menos.
A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa disfunção lírica.
Nomearei abaixo 7 sintomas dessa disfunção lírica:
1 – Aceitação da inércia para dar movimento às palavras.
2 – Vocação para explorar os mistérios irracionais.
3 – Percepção de contiguidades anômalas entre verbos e substantivos.
4 – Gostar de fazer casamentos incestuosos entre palavras.
5 – Amor por seres desimportantes tanto como pelas coisas desimportantes.
6 – Mania de dar formato de canto às asperezas de uma pedra.
7 – Mania de comparecer aos próprios desencontros.
Essas disfunções líricas acabam por dar mais importância aos passarinhos do que aos senadores.
Durante sua carreira, recebeu vários prêmios da literatura, entre eles dois Prêmios Jabutis, considerado um dos mais importantes prêmios literários de Brasil. Carlos Drummond de Andrade, um dos mais importantes poetas brasileiros, recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. O escritor moçambicano Mia Couto, ao receber o prêmio Camões da Língua Portuguesa em 2013, declarou em público que achava que era o poeta Manoel de Barros quem merecia recebê-lo. Dedicou o prêmio ao poeta mato-grossense.
Faleceu aos 98 anos, em Campo Grande, no dia 13 de novembro de 2014.
