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O termo português “crioulo” designava, no passado, um descendente de europeus que tivesse nascido (ou sido criado) em uma colônia ultramarina. Posteriormente, o termo passou a designar a língua que misturava o português às línguas locais, faladas pelas comunidades que habitavam essas colônias.

VON, Cristina. Voo em português, uma viagem pelos países de língua portuguesa. São Paulo: Instituto Callis, 2012.

 

 

Pidgin

 

O pidgin corresponde aos primeiros estádios de aquisição espontânea da língua do grupo socialmente dominante pelos falantes das outras línguas. O grupo dominante que, inicialmente, procura adaptar e simplificar a sua língua para se fazer entender, acaba por ter de aprender o pidgin, uma vez este formado.

 

O pidgin é uma linguagem subsidiária, de recurso, com um léxico e morfologia reduzidos, não podendo, pois, funcionar como língua materna. A língua dominante, também chamada língua-base, contribui essencialmente com o léxico para a sua formação. Diz-se, assim, de um pidgin cujo léxico deriva da língua portuguesa, que é um pidgin de base portuguesa.

 

Foi a urgência de entendimento mútuo entre europeus e africanos (e, posteriormente, asiáticos), que criou as primeiras condições de emergência de pidgins de base portuguesa, nos séculos XV e XVI. Estes, em alguns casos, por um processo de complexificação estrutural e expansão lexical, deram origem a crioulos.

 

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Crioulos

 

Os crioulos são línguas naturais, de formação rápida, criadas pela necessidade de expressão e comunicação plena entre indivíduos inseridos em comunidades multilingues relativamente estáveis.

 

A época das  navegações e da expansão e colonização portuguesas foi propícia ao contacto linguístico e à formação de crioulos. As situações sociolinguísticas decorrentes dos diferentes tipos de contacto entre a língua portuguesa e as outras línguas africanas, asiáticas e americanas, estiveram na origem de manifestações linguísticas também diferentes. Chamam-se de base portuguesa os crioulos cujo léxico é, na sua maioria, de origem portuguesa. No entanto, do ponto de vista gramatical, os crioulos são línguas diferenciadas e autónomas.

 

Os crioulos de base portuguesa da Alta Guiné englobam os crioulos de Cabo Verde (variedades de Barlavento e de Sotavento), da Guiné-Bissau e de Casamansa, no Senegal. São os crioulos de base portuguesa mais antigos e mantêm grande vitalidade, apesar de línguas não oficiais, embora nacionais.

 

Brasil

Os crioulos de base portuguesa que se presume terem existido em algumas zonas do Brasil, nomeadamente no Nordeste, poderão ter sido o resultado do contexto multilingue favorecido pelas plantações de açúcar que veio associar-se a importação de escravos de regiões africanas onde comprovadamente já se falava crioulo, como no arquipélago de São Tomé.

 

Alguns autores referem-se a variedades de um semi-crioulo de base portuguesa no Brasil e a variedades dialectais afro-brasileiras que corresponderiam a uma fase avançada de descrioulização de antigos crioulos, como a de Helvécia, ao sul da Baía. A povoação de Helvécia descende de escravos negros que pertenciam a uma colónia suíça-alemã fundada em 1818.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Cabo Verde

O kriolu de Cabo Verde ou kauberdianu é língua materna de todos os caboverdianos que nascem no arquipélago (descoberto pelos portugueses em 1460). Criou-se inicialmente em Santiago e no Fogo, nas primeiras ilhas povoadas e colonizadas com europeus e escravos vindos da costa ocidental de África. Tem duas variantes principais: a de Barlavento e a de Sotavento.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Guiné-Bissau

Os crioulos da Guiné-Bissau e de Casamansa, no Senegal, coexistem não só com o português e o francês, respectivamente, mas com as múltiplas línguas africanas do território, de que recebem constantes influências. Mais especificamente na Guiné-Bissau, o crioulo, língua materna ou língua segunda de grande parte da população, convive com mais de vinte línguas dos grupos Oeste-Atlântico e Mande.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

São Tomé e Príncipe

No início do século XVI,  S. Tomé era já um entreposto de escravos onde se formou o primeiro crioulo de base portuguesa desta área, o forro ou  santomense. Nesse período foram enviados escravos para Príncipe e para Ano Bom, para trabalhar nas plantações, pelo que os crioulos do Golfo da Guiné tiveram todos provavelmente a sua origem no forro de S. Tomé, tendo-se desenvolvido, no Príncipe, o Principense ou Lunguyê (Língua da Ilha) e em Ano Bom o Anobonês ou Fá d’Ambô (Falar de Ano Bom).

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Índia

Dos muitos crioulos de base portuguesa que se falaram na Índia e no Ceilão poucos são os que ainda sobrevivem, umas vezes na memória dos falantes mais idosos, outras apenas sob a forma de vestígios nas manifestações da tradição oral e religiosa, raramente como línguas maternas.

 

Damão e Korlai são os grandes focos da resistência dos crioulos de base portuguesa na Índia. O crioulo de Damão é língua da casa de uma população de cerca de 2000 pessoas. Em Korlai, aldeia isolada após a conquista marata em 1764, o crioulo ou língua Kristi é ainda hoje a única língua materna de quase mil cristãos.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Timor Leste

Em Timor existiu numa zona suburbana de Díli uma variedade de crioulo de base portuguesa falada pelos «moradores» de Bidau, soldados e oficiais voluntários provindos da antiga capital, Lifau, e dos estabelecimentos portugueses das Flores (como o de Larantuka) e de Solor que aí se instalaram, com as suas famílias. Atualmente, apenas alguns timorenses reconhecem a existência deste crioulo que identificam como uma variedade mal falada de português, o português de Bidau.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 
China

O crioulo macaísta ou patuá, hoje praticamente extinto, surge em Macau a partir de 1557, trazido por portugueses vindos de Malaca (colônia portuguesa de 1511-1641 - Malásia). Nas primeiras décadas do século XX, ainda era falado por muitos como língua materna bem diferenciada do português, mas o desenvolvimento do ensino da língua oficial, depois de 1850, acelerou o seu processo de descrioulização. Por volta de 1850, migra mais uma vez com os «filo Macau» (filhos de Macau) para a recém formada colônia inglesa de Hong-Kong.

http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html. Acesso em 18/03/2016

 

Angola e Moçambique

Dulce Pereira, docente e pesquisadora da Universidade de Lisboa, esclarece que em Angola e em Moçambique não houve crioulos porque (a) as línguas africanas (maternas) eram usadas no cotidiano em todos os contextos, para lá das situações pontuais de comunicação com os portugueses; (b) haviam muitos intermediários bilíngues como missionários e mercadores; (c) a extensão territorial é vasta dado número diminuto dos seus falantes (portugueses) em comparação ao número de falantes de Línguas Bantu; (d) a estabilidade e isolamento dos grupos rurais e a pouca mobilidade fortalecia as Línguas Bantu entre populações nativas.

 

Os moçambicanos não precisaram de um código emergencial, já que não houve um contato direto entre os colonos e os escravos porque haviam capatazes (cipaios) que serviam de intermediários (intérpretes). Dessa maneira, os escravos só tinham de cumprir com as obrigações impostas sob tutela dos capatazes. Os capatazes eram moçambicanos e tinham a obrigação de aprender português por ser assimilados – africanos que tivessem abandonado inteiramente os usos e costumes daquela raça; (b) que falasse, lesse e escrevesse em língua portuguesa; (c) que adotasse a monogamia; (d) que exercesse profissão, arte ou oficio compatíveis com a civilização europeia.

http://www.baraodemaua.br/comunicacao/publicacoes/vocabulo/pdf/que_portugues_se_fala_em_mocambique_alexandre_volumeVII.pdf

Feira do Livro 2016

Colégio Miguel de Cervantes

Autoria:

Alunos de 8º ano

Orientadores: 

Amália Freire (Música), Ana Maria Premero (Música), Fábio Martins (Arte), Ivo Bonfiglioli (Música), Joan Miró (Ciências), Leila Pereira (Produção de Texto), Marco Augusto (Geografia), Pedro Sales (História), Roberta Fernandes (Produção de Texto),  Simone Deffente (Português)

Desenvolvimento:

Fernanda Baruel

Depto. Tecnologia Educacional

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