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PORTUGUÊS
Variedades Linguísticas
Todas as línguas e dialetos (variedades de uma língua) são igualmente complexas e eficientes para o exercício de todas as funções a que se destinam e nenhuma língua ou variedade dialetal é inerentemente inferior a outra similar sua. Assim, dizer que uma variedade rural é simples demais e, portanto, primitiva, significa afirmar que há alguma outra variedade mais complexa e mais desenvolvida.
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No entanto, nenhuma forma de expressão é em si mesma deficiente, mas tão somente diferente, e todas as línguas e variedades dialetais fornecem a seus usuários meios adequados para a expressão de conceitos e proposições lógicas; assim, nenhuma língua ou variedade dialetal impõe limitações cognitivas tanto na percepção quanto na produção de enunciados.
CAMACHO, Roberto Gomes. Norma culta e variedades linguísticas. Disponível em: http://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40354/1/01d17t03.pdf
Variantes Linguísticas
A língua tem uma função social comunicativa e ela só pode ser compreendida e interpretada dentro do contexto sociocultural. É importante compreender que a língua não é um sistema uno, invariado, estático, mas necessariamente, abriga um conjunto de variantes e de variedades. Todas as línguas vivas são moldadas pelos contextos socioculturais e a sua variação e mudança depende da forma como os usuários replicam o seu uso.
Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo desviando-se constantemente com relação a norma. Sendo assim, a norma não é apenas ou simplesmente um conjunto de formas linguísticas pré-estabelecidas, mas também, é um agregado de valores socioculturais usados por uma comunidade linguística. É importante deixar claro que a variação não é exclusiva dos falantes não-escolarizados. Ninguém fala norma-padrão todo momento, pois ela é artificial.
TIMBANE, Alexandre Antônio. Que português se fala em Moçambique? Uma análise sociolinguística da variedade em uso. Disponível em:
Dialeto
Segundo o linguista Marco Bagno, o emprego do termo dialeto, fora dos estudos científicos, sempre tem sido carregado de preconceito racial e/ou cultural. Nesse emprego, dialeto é uma forma errada, feia, ruim, pobre ou atrasada de se falar uma língua. Também é uma maneira de distinguir as línguas dos povos civilizados, brancos, das formas supostamente primitivas de falar dos povos selvagens. Essa separação é tão poderosa que se enraizou no inconsciente da maioria das pessoas. Inclusive das que declararam fazer um trabalho politicamente correto
Essa ideologia puramente colonial se enraizou em África e em todos países que sofreram a colonização. Na citação acima, grifamos alguns adjetivos que eram/são atribuídos às línguas africanas: erradas, feia, ruim, pobre, atrasada, etc. Conforme afirma Bagno, essa ideologia consistia em menosprezar as línguas do colonizado em prol das línguas da metrópole.
O termo dialeto, completa Bagno, está “carregado de preconceito racial e cultural, pois dialeto é uma forma errada, feia, ruim, pobre ou atrasada de se falar uma língua. Também é uma maneira de distinguir as línguas dos povos civilizados, brancos, das formas supostamente primitivas de falar dos povos selvagens.”
BAGNO, M. (orgs.). Políticas da norma e conflitos linguístico. São Paulo: Parábola, 2011. Apude TIMBANE, Alexandre Antônio. Disponível em: