VOO
EM
PORTUGUÊS
Angola


República de Angola
Capital: Luanda
Moeda: Kwanza
Idioma oficial: Português
O Estado angolano, assim como grande parte das nações africanas que conhecemos hoje, é fruto de divisões arbitrárias e artificiais realizadas no período da dominação colonial europeia. Formada por um grande aglomerado de diferentes povos, pertencentes a etnias e a grupos linguísticos distintos, Angola possui quatro línguas nacionais mais difundidas (kimbundu, umbundu, kikongo e côkwe) além de dezenas de outras línguas e dialetos de origem africana. Entretanto, de acordo com o Artigo 19° da Constituição de 2010, o português é a única língua oficial, utilizada na administração, no ensino, na imprensa, nas relações diplomáticas e comerciais.
A definição do português como língua oficial deu-se após a conquista da independência de Portugal, em 1975. O português é falado por 60% dos angolanos, mas, atualmente, é a língua principal de apenas 30% da população. Entre as línguas nacionais de maior destaque estão o umbundu, falado por cerca de um terço dos angolanos, e o kimbundo, dominado por um quarto dos habitantes do país.
A unificação linguística, centrada no português, foi a maneira encontrada de expressar a unidade e simultaneamente evitar que a escolha de qualquer uma das línguas nativas acirrasse as rivalidades étnicas. Nas palavras do escritor José Eduardo Agualusa, “a língua do dominador estrangeiro tornou-se paradoxalmente o instrumento que possibilitou o intercâmbio entre a diversidade étnica dos dominados”. Uma outra vantagem dessa unificação consistia na existência de uma grafia estabelecida, enquanto as línguas nativas eram ágrafas.
É necessário ressaltar que o português não foi simplesmente incorporado como língua oficial sem qualquer crítica ou adaptação da norma europeia. Era necessário adaptá-lo à identidade angolana: para alguns, tratava-se de escrevê-lo como se se falasse o kimbundo ou umbundo. Segundo Sílvio de Almeida Carvalho Filho, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro, alguns escritores angolanos reconheceram a validade de escrever fora da norma lusitana quando se depararam com a existência de uma norma brasileira diferenciada da matriz europeia. Certos escritores ousaram ainda mais, fazendo uma opção consciente de escrever o “pretuguês”, língua do bairro popular, da sanzala[1], em oposição ao idioma falado por aqueles que frequentaram o “liceu”.
A despeito da clara opção pelo português como língua do Estado, já no final da década de 70, o governo confeccionou quatro manuais de alfabetização em línguas nacionais. Apesar de o português permanecer como língua oficial dos estabelecimentos de ensino, está em curso desde 2007 um projeto de inserção de seis línguas nacionais no sistema educacional do país. Em março de 2011, realizou-se em Luanda o I Workshop Internacional que discutiu o estudo, a valorização e a padronização dos alfabetos e ortografia das línguas nacionais. Atualmente, seis delas já avançaram bastante neste processo. Esse movimento de valorização da identidade e diversidade linguística é, com efeito, fundamental para evitar que as línguas nacionais desapareçam completamente.
Gomes, Chiara Araujo. Relatório OPLOP 03 - Abril: A língua portuguesa nos países da CPLP (Parte I). Disponível em http://www.oplop.uff.br/relatorio/chiaraaraujo/252/relatorio-oplop-03-abril-lingua-portuguesa-nos-paises-da-cplp-parte-i
Agualusa, J. E. (2004-2005). A língua portuguesa em Angola - língua materna versus língua madrasta. Uma proposta de paz. Imaginário, pp. 27-33.